quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O sol deveria nascer para todos

O cinema argentino vive uma fase de inegável afirmação. O surgimento de uma nova geração de realizadores e os baixos custos de produção tornaram o país uma referência na área, criando uma estética própria e que ultrapassou as fronteiras do Rio da Prata para ganhar o mundo.
É o caso de El Hombre de Al Lado (2009), de Mariano Cohn e Gastón Duprat.Premiado em vários festivais, incluindo o Sundance, o filme conta a história de Leonardo (Rafael Spregelburd),um designer reconhecido internacionalmente,e que vive confortavelmente numa casa projetada por Le Corbusier. A locação é real, sendo a única obra do arquiteto francês na América do Sul. A chegada de um vizinho, Victor,um homem simples, e sua tentativa de fazer uma abertura que permita que a luz do sol entre em sua casa , deflagra um conflito entre os dois.
A janela é uma metáfora da tendência que temos em negar a existência de realidades diferentes da nossa, acreditando que o que não vemos não existe, e assim nos sentimos únicos e especiais. Longe de maniqueísmos, o filme traz uma reflexão sobre a fragilização dos laços humanos e, de uma forma bem humorada, aborda problemas característicos do mundo pós-moderno, tais como o individualismo e a massificação do consumo.
Destaque para Daniel Aráoz, que constrói com maestria o personagem Victor, um sonhador que crê em valores como amizade e respeito, e que nos faz querermos ser igual a ele. Mesmo que saibamos que na maioria das vezes estejamos muito mais próximos ao egoísmo e isolamento de Leonardo.




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