Solidão, desespero e dor. O rompimento dos laços invisíveis e a ilusão do instante eterno. Fotonovela produzida por Éverton Rigatti, para a pós-graduação em cinema da UCS. Com Vera Lúcia Macke.
Livre Impressão
Uma nova visão sobre velhas coisas. As novas coisas sob a velha visão. Um pouco de tudo. O tudo do nada.Imagens que valem por mil palavras.Palavras que não valem nada.
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Duras e belas
Paredes são do mal.Elas dividem, separam, isolam, delimitam, bloqueiam.Mas quando elas são vaidosas, ah, como nos dão alegria.
Buenos Aires
Madri
Buenos Aires
Barcelona
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Uma paixão
Rádio é uma paixão avassaladora, uma obsessão com a qual convivo desde a minha infância.Me refiro não ao objeto, dos quais até tenho uma pequena coleção, mas sim à linguagem, com suas pausas, silêncios e entonações utilizados na construção da mensagem a ser transmitida. Como ouvinte ardoroso, e já tendo estudado bastante sobre o assunto, me permito avaliar que pouco a pouco este maravilhoso veículo de comunicação vai sendo destruído. Seja pela incompetência dos novos profissionais da área, eles mesmos não-ouvintes, nascidos em tempos de informação instantânea na rede e treinados pelas faculdades para redigir as notícias sem sair da frente da tela do computador, seja pelo descaso com que é tratado pelos seus proprietários e anunciantes, que dão toda a prioridade econômica à insossa televisão, ele caminha inexoravelmente para o fim. Pelo menos no Brasil. Porque ainda existem países onde ele segue firme e forte na sua bela missão. É o caso da Argentina ( confesso, outra de minhas paixões), onde as emissoras investem forte e recebem retorno de audiência, e, consequentemente financeiro, pelo aporte publicitário. Mitre, Continental, Belgrano, Rivadávia, Del Plata e Nacional da Argentina são algumas das emissoras que me fazem companhia nas madrugadas de sono tardio, sintonizadas em AM mesmo, aproveitando o fato de que neste horário os sinais entram forte aqui no estado. A escola argentina de rádio tem um estilo muito próprio, marcado pela opinião , uso de colunistas para assuntos específicos, tais como cinema, teatro, política etc e a utilização do locutor comercial, para que não se confunda o que é propaganda do que é conteúdo jornalístico. Além disso, os programas são bastante personificados na figura do apresentador, e nomes como Fernando Bravo, Chiche Gelblung, Magdalena Ruiz Guiñazú e Alejandro Dolina (clique para ver postagem antiga) são verdadeiros ídolos nacionais.
Aliás, um estilo bastante semelhante ao jeito gaúcho de se fazer rádio. O problema é que por aqui não existe um esforço para formação de novos profissionais, com o fim de substituir uma geração de grandes talentos forjados na prática e na paixão, que já se encaminha para a aposentadoria e cujo trabalho deixará marcas na história da radiofonia brasileira.
Aliás, um estilo bastante semelhante ao jeito gaúcho de se fazer rádio. O problema é que por aqui não existe um esforço para formação de novos profissionais, com o fim de substituir uma geração de grandes talentos forjados na prática e na paixão, que já se encaminha para a aposentadoria e cujo trabalho deixará marcas na história da radiofonia brasileira.
*Fotografia feita na Feira de Tristán Narvaja, Montevideo
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
O sol deveria nascer para todos
O cinema argentino vive uma fase de inegável afirmação. O surgimento de uma nova geração de realizadores e os baixos custos de produção tornaram o país uma referência na área, criando uma estética própria e que ultrapassou as fronteiras do Rio da Prata para ganhar o mundo.
É o caso de El Hombre de Al Lado (2009), de Mariano Cohn e Gastón Duprat.Premiado em vários festivais, incluindo o Sundance, o filme conta a história de Leonardo (Rafael Spregelburd),um designer reconhecido internacionalmente,e que vive confortavelmente numa casa projetada por Le Corbusier. A locação é real, sendo a única obra do arquiteto francês na América do Sul. A chegada de um vizinho, Victor,um homem simples, e sua tentativa de fazer uma abertura que permita que a luz do sol entre em sua casa , deflagra um conflito entre os dois.
A janela é uma metáfora da tendência que temos em negar a existência de realidades diferentes da nossa, acreditando que o que não vemos não existe, e assim nos sentimos únicos e especiais. Longe de maniqueísmos, o filme traz uma reflexão sobre a fragilização dos laços humanos e, de uma forma bem humorada, aborda problemas característicos do mundo pós-moderno, tais como o individualismo e a massificação do consumo.
Destaque para Daniel Aráoz, que constrói com maestria o personagem Victor, um sonhador que crê em valores como amizade e respeito, e que nos faz querermos ser igual a ele. Mesmo que saibamos que na maioria das vezes estejamos muito mais próximos ao egoísmo e isolamento de Leonardo.
É o caso de El Hombre de Al Lado (2009), de Mariano Cohn e Gastón Duprat.Premiado em vários festivais, incluindo o Sundance, o filme conta a história de Leonardo (Rafael Spregelburd),um designer reconhecido internacionalmente,e que vive confortavelmente numa casa projetada por Le Corbusier. A locação é real, sendo a única obra do arquiteto francês na América do Sul. A chegada de um vizinho, Victor,um homem simples, e sua tentativa de fazer uma abertura que permita que a luz do sol entre em sua casa , deflagra um conflito entre os dois.
A janela é uma metáfora da tendência que temos em negar a existência de realidades diferentes da nossa, acreditando que o que não vemos não existe, e assim nos sentimos únicos e especiais. Longe de maniqueísmos, o filme traz uma reflexão sobre a fragilização dos laços humanos e, de uma forma bem humorada, aborda problemas característicos do mundo pós-moderno, tais como o individualismo e a massificação do consumo.
Destaque para Daniel Aráoz, que constrói com maestria o personagem Victor, um sonhador que crê em valores como amizade e respeito, e que nos faz querermos ser igual a ele. Mesmo que saibamos que na maioria das vezes estejamos muito mais próximos ao egoísmo e isolamento de Leonardo.
terça-feira, 2 de agosto de 2011
O grande prêmio
No último domingo, este blog lançou uma promoção. O primeiro a entrar ganhava um Passat 74. Foram milhares de acesso do mundo inteiro, potencializados pela divulgação do link no site do Prévidi, o imperdível e bem frequentado www.previdi.com.br. A loucura foi tanta que derrubaram o nosso servidor e ficamos fora do ar por algumas horas. De Nova Iorque à Paris, do Oiapoque ao Chuí, não se fala de outra coisa.
O concurso gerou protestos do "PT italiano", que se reuniu na Piazza Navona para alertar a população sobre o potencial poluidor do velho Passatão.
O concurso gerou protestos do "PT italiano", que se reuniu na Piazza Navona para alertar a população sobre o potencial poluidor do velho Passatão.
Em Barcelona, ecochatos tiraram a roupa e prometeram ficar peladões até que as autoridades impeçam a entrega daquele voraz bebedor de combustível fóssil.
Já no Vaticano, uma freira teve de ser encarcerada, após invadir a sala de informática do papa. Ela justificou seu ato, dizendo que queria de qualquer forma acessar o livre impressão, pois a congregação necessita urgentemente renovar sua frota de veículos, composta por um Fusca 69 e um Chevette de ano indefinido.
Mas não vamos nos render à pressão internacional. O nosso departamento de promoções está analisando os dados, e em breve estaremos divulgando o nome do feliz ganhador. Enquanto isso, dá uma conferida na belezinha:
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
Uma história de resistência
O poder econômico avança, inexorável e soberbo, destruindo impiedosamente a história e a tradição, sob a bandeira do progresso à qualquer custo. Mas, eventualmente somos surpreendidos por acontecimentos que nos fazem acreditar que nem tudo está perdido.
O Bar del Gallego é um típico bodegão de Buenos Aires,do tipo onde os vizinhos se encontram para debater política e futebol, paixões dos portenhos. Ocupa um casarão antigo, numa esquina valorizada de Palermo Holywood, assim chamado pelo grande número de produtoras e emissoras de televisão localizadas naquele bairro de Buenos Aires. O pequeno estabelecimento é vizinho da poderosa empresa que administra os aeroportos argentinos, do milionário Eduardo Eukernian, velho frequentador dos círculos de poder e beneficiário dos processos de privatização iniciados no governo de Menem. É nas paredes simples do bar que recortes dos principais jornais argentinos contam a façanha do dia em que seu proprietário, o Galego , disse um rotundo não à proposta de Eukernian, que oferecia um milhão de dólares pelo local. É impossível ler e não se emocionar.
Na primeira vez que fomos ali conhecemos o Gustavo. O garçom é um show a parte. Maluco-beleza, o cara é super agitado e divertido. Quando soube que éramos brasileiros, fato raro pois o local é pouco frequentado por turistas, não parou mais de brincar conosco. "Brasileños, brasileños", bradava, como a alertar todos sobre a presença de uma" invasão estrangeira". Um senhor que tomava um café por lá, atraído pelo "anúncio" , sentou conoscou e entabulou uma pequena conversa sobre militares, Lula , os Kirchner e por aí vai.
Neste ano, retornamos e levamos um susto ao chegar na famosa esquina . O bar estava diferente, ambiente mais claro, uma plaquetinha de internet sem fio indicava uma certa modernização. Já estávamos desistindo de entrar, imaginando que o pior tinha acontecido, que finalmente haviam cedido às propostas e vendido o local, quando surge na porta quem? Ele, o bom mozo Gustavo, que tratou de nos informar que o ambiente havia mudado, mas que as coisas continuavam como sempre. E apontou para uma mesa, onde um homem de cabelos brancos lia tranquilamente seu jornal. O mesmo senhor que um dia desafiou um poderoso império e decidiu que sua história pessoal e as conquistas de uma vida de trabalho duro eram mais importantes que um punhado de moedas de procedência duvidosa.
O Bar del Gallego é um típico bodegão de Buenos Aires,do tipo onde os vizinhos se encontram para debater política e futebol, paixões dos portenhos. Ocupa um casarão antigo, numa esquina valorizada de Palermo Holywood, assim chamado pelo grande número de produtoras e emissoras de televisão localizadas naquele bairro de Buenos Aires. O pequeno estabelecimento é vizinho da poderosa empresa que administra os aeroportos argentinos, do milionário Eduardo Eukernian, velho frequentador dos círculos de poder e beneficiário dos processos de privatização iniciados no governo de Menem. É nas paredes simples do bar que recortes dos principais jornais argentinos contam a façanha do dia em que seu proprietário, o Galego , disse um rotundo não à proposta de Eukernian, que oferecia um milhão de dólares pelo local. É impossível ler e não se emocionar.
Na primeira vez que fomos ali conhecemos o Gustavo. O garçom é um show a parte. Maluco-beleza, o cara é super agitado e divertido. Quando soube que éramos brasileiros, fato raro pois o local é pouco frequentado por turistas, não parou mais de brincar conosco. "Brasileños, brasileños", bradava, como a alertar todos sobre a presença de uma" invasão estrangeira". Um senhor que tomava um café por lá, atraído pelo "anúncio" , sentou conoscou e entabulou uma pequena conversa sobre militares, Lula , os Kirchner e por aí vai.
Neste ano, retornamos e levamos um susto ao chegar na famosa esquina . O bar estava diferente, ambiente mais claro, uma plaquetinha de internet sem fio indicava uma certa modernização. Já estávamos desistindo de entrar, imaginando que o pior tinha acontecido, que finalmente haviam cedido às propostas e vendido o local, quando surge na porta quem? Ele, o bom mozo Gustavo, que tratou de nos informar que o ambiente havia mudado, mas que as coisas continuavam como sempre. E apontou para uma mesa, onde um homem de cabelos brancos lia tranquilamente seu jornal. O mesmo senhor que um dia desafiou um poderoso império e decidiu que sua história pessoal e as conquistas de uma vida de trabalho duro eram mais importantes que um punhado de moedas de procedência duvidosa.
Gustavo, em 2010.
Em 2011, após a reforma do bar.
domingo, 31 de julho de 2011
Luz e sombra
O que antes era o vazio, o nada, vai sendo inundado por emoções e sentimentos. A incerteza cede lugar às formas e cores.De traço em traço, de pincelada em pincelada, a arte deixa para trás a névoa e a dúvida.
Neste ensaio, um pouco da sensibilidade e talento da artista plástica Vera Lúcia Macke, fotografada no seu atelier , em Caxias do Sul.
terça-feira, 26 de julho de 2011
Sob as estrelas
O cenário é literalmente de filme. De um lado, o rio Tibre, que passa calmamente, deixando no ar aquele som que remete às coisas simples da vida. De outro, uma igreja medieval, velha testemunha de tantas histórias passadas neste solo. As gaivotas sobrevoam ininterruptamente, celebrando a liberdade de sua existência sem fronteiras, enquanto a grande tela branca aguarda pacientemente que os últimos raios de sol cedam lugar à noite que se aproxima, para iniciar sua tarefa incansável de refletir sonhos e sentimentos transformados em arte. Essa é a Arena, a grande sala de cinema ao ar livre da I'sola de Cinema, um complexo multicultural localizado em meio à minúscula Ilha Tiberina, no coração de Roma Antiga. O local abriga ainda bares, lojas temáticas e tendas onde são realizadas projeções de filmes e discussões sobre a sétima arte, tudo isso dividindo o espaço com um antigo hospital existente naquela pequena porção de terra em meio ao rio.
Para minha satisfação, na noite em que fui pude assistir a um filme brasileiro ótimo, As Melhores Coisas do Mundo, de Lais Bodanzky.Com áudio original e legendas em italiano e inglês. Dá um conferida nos vídeos.
VIDEO INSTITUCIONAL DO CINEMA
Para minha satisfação, na noite em que fui pude assistir a um filme brasileiro ótimo, As Melhores Coisas do Mundo, de Lais Bodanzky.Com áudio original e legendas em italiano e inglês. Dá um conferida nos vídeos.
VIDEO INSTITUCIONAL DO CINEMA
segunda-feira, 25 de julho de 2011
domingo, 24 de julho de 2011
Mais um dia em Roma
O elegante senhor passa, trazendo embaixo do braço
as novas notícias velhas, e não repara na velha senhora
a beijar o solo na luta pela sobrevivência.
as novas notícias velhas, e não repara na velha senhora
a beijar o solo na luta pela sobrevivência.
Os senhores do poder se escondem atrás das armas, enquanto
o mendigo sem rosto inventa novas formas de proteger os
frutos do seu trabalho.
o mendigo sem rosto inventa novas formas de proteger os
frutos do seu trabalho.
Será que alguém pode alterar o curso de nossas pobres
vidas? Tem gente que ainda acredita que sim.
vidas? Tem gente que ainda acredita que sim.
Enquanto alguns apelam para o santo, a guarda de trânsito
tenta vislumbrar uma forma de organizar o caos urbano.
tenta vislumbrar uma forma de organizar o caos urbano.
A noite chega na Piazza Navona, pessoas vão e vem
deixando sua marca no tempo.
deixando sua marca no tempo.
Na Piazza Spagna, sob o olhar de milhares, o casal de noivos
registra para a posteridade o encontro de suas almas.
registra para a posteridade o encontro de suas almas.
O artista desfila seu talento, por um pouco de atenção e
algumas moedas.
algumas moedas.
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